Carolina Maia

Não ignore o que você sente: como acolher suas emoções pode ser um caminho para a cura e transformação

Você já parou para pensar quantas emoções passam por você desde a hora que você acorda até a hora que vai dormir? Por muito tempo eu escolhi ignorar as minhas emoções, especialmente aquelas não tão agradáveis de sentir… estava tudo bem o tempo todo, ou pelo menos, era o que parecia. Se você também tem o costume de andar meio desconectada das suas emoções, talvez seja um pouco difícil encontrar a resposta a essa pergunta, mas por favor não desista. Hoje quero te contar alguns motivos e descobertas do meu processo de autoconhecimento, que me mostraram o quão valioso é acessar as nossas emoções.

Quando falo desse assunto é inevitável não me lembrar de algo que ouvi de uma professora na época da graduação. Era o período em que eu iria dar início ao meu estágio do último ano fazendo meus primeiros atendimentos clínicos e uma angústia enorme começou a se fazer presente no meu coração: e se eu não souber a resposta? E se eu não souber o que dizer ou fazer? Compartilhei isso com ela em um de nossos encontros de preparação e foi então que ela me disse de forma muito serena e tranquila:”Quando você não souber a resposta, preste atenção ao que você sente!”. De início confesso que aquilo me deixou ainda mais confusa, mas hoje reconheço com muito carinho o argumento poderoso que ela me deu…

Tempo depois, me deparei com outro dilema, dessa vez em meu próprio processo terapêutico. Uma das minhas maiores dificuldades era ser vulnerável. Lutei contra isso algumas vezes, mas chegou um ponto em que eu não pude mais ignorar. Sem olhar para as minhas emoções seria muito difícil desfrutar de todos os benefícios que aquele processo poderia me proporcionar e principalmente encontrar as respostas que eu precisava.

Sentir é humano. Sentir nos aproxima de nós mesmos e também das outras pessoas. Sentir nos recorda de histórias até então esquecidas. Sentir nos permite encontrar respostas para perguntas nunca respondidas. Não vou negar, na primeira vez que minha terapeuta me falou sobre a importância de estar mais aberta ao que eu sentia, eu fiquei com medo. É como se eu estivesse prestes a abrir uma caixa de pandora sem saber o que iria encontrar lá dentro… você também já se sentiu assim?

Apesar do medo, resolvi começar a explorar esse novo caminho até então desconhecido, comecei a tentar entender quais histórias minhas emoções estavam querendo me contar e com isso passei a prestar mais atenção nas minhas emoções no dia a dia. Comecei a entender que de fato, cada emoção tinha sua função. A tristeza esvaziava o peito, dava um nó na garganta, às vezes em forma de choro, outras em forma de silêncio. Era nesses momentos em que eu parava para me ouvir e entender o que faltava ali que pudesse estar provocando esse sentimento….

A raiva, que aquecia o peito e a garganta, me sinalizava que algo não ia bem, que algo importante para mim estava sendo desrespeitado, invalidado, ou desconsiderado. Já o medo, apesar de em um primeiro momento paralisante e aterrorizante, me protegia, me tornava cautelosa e dava dicas importantes a respeito do que verdadeiramente importa para mim. A alegria, que agitava todo o meu corpo e me tornava radiante, surgia especialmente em momentos em que me conectava aos meus valores, reforçando aquilo que realmente faz a minha vida valer a pena. Olhar para as minhas emoções me mobilizou: a ser alguém melhor, a me conhecer mais, a fazer escolhas diferentes e cada vez mais conectadas ao que faz meu coração bater mais forte.

O maior medo que eu tinha em ser vulnerável, é de que minhas emoções me paralisassem, que elas tomassem conta de mim… mas quando tiver coragem para viver todo esse processo descobri que na verdade o que paralisa mesmo e traz sofrimento, é a fuga das nossas emoções, que no fundo acaba se tornando uma fuga de nós mesmos…por isso digo com conhecimento de causa: olhar para as nossas emoções é um potente caminho para a cura, conexão e transformação!

Tão poderoso, que passei a trazer ele mais para perto da minha vida e das pessoas que convivem comigo também. Não há um paciente que tenha passado por mim desde então no consultório sem receber a pergunta: “Como você se sentiu com isso?”, e quantas descobertas lindas já surgiram a partir dessa simples pergunta. Emoções nos tornam mais fortes, mais humanos, mais alinhados a nossa essência, emoções nos curam!

Além disso, desde que passei a olhar com carinho para as minhas emoções, também fui mais feliz! Nos permitirmos ser humanos e acolher nossas emoções sem julgamentos é parte essencial de construir uma vida mais autêntica e feliz. As emoções agradáveis e desagradáveis vem de um mesmo canal, e ao nos fecharmos para uma delas, nos fechamos para a outra também!

Todas as emoções tem um porquê. Um porquê de existir e principalmente de se fazer presentes em nossas vidas a cada momento. Começar a nos questionar como nos sentimos e porque nos sentimos assim, é uma das grandes chaves para o autoconhecimento…

 E é claro que eu não deixaria você sair daqui sem passar por essa pergunta: Como você se sente hoje? Pause por um instante, permita-se perceber quais emoções tem feito morada no seu coração e principalmente porque elas estão ali…. que histórias elas podem contar a você hoje? Não julgue, somente aceite a presença de cada uma ali e permita-se experimentar seu efeito…. depois disso, pense qual a melhor forma de acolher o que está sentindo hoje? Quem sabe dar uma volta para apreciar a vida lá fora, ou escrever sobre o que sente em um diário, chorar, ligar para alguém importante para você, ouvir uma música, passar um tempo apreciando o silêncio, respirar fundo, dar um abraço em si mesma ou pedir um abraço para alguém… o que quer que seja faça com o coração, sendo bondosa e amorosa consigo mesma nesse momento!

Meu desejo é que esse momento de conexão te permita concluir esse texto um pouquinho mais consciente e melhor do que quando começou, que ele te inspire a olhar com carinho para suas emoções, e com ajuda delas trilhar um caminho cada vez mais significativo para você. Afinal, se faz sentir, faz sentido!

Com carinho, 

Carol 

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